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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Renascimento Comercial-Urbano



1. O Renascimento do Comércio
Com a reabertura do mar Mediterrâneo, ocorreu a rearticulação do comércio europeu, e as cidades italianas foram as mais favorecidas. Apoiadas na posição geográfica favorável e no fortalecimento de suas ligações comerciais com o Oriente, as cidades italianas conseguiram a prioridade na distribuição dos produtos orientais (especiarias) por toda a Europa (rota do Mediterrâneo). Na Europa nórdica, o comércio teve seu maior desenvolvimento na região dos mares do Norte e Báltico e, sobremaneira, em Flandres (tecidos/lã).
O crescimento do comércio na parte meridional e setentrional do continente europeu possibilitou a interação entre essas regiões, por meio de rotas comerciais  (terrestres/fluviais). Dessa maneira, promovendo a navegação por rios, como o Reno, o Danúbio e o Ródano, os comerciantes organizavam as feiras, que se tornaram os primeiros locais de comércio (temporário).
Por volta do século XIV, as mais expressivas feiras foram realizadas em Champagne (França), região situada no coração da Europa ocidental. Nesses pontos de comércio temporário, os mercadores nórdicos podiam comercializar tecidos, peles, madeira, mel e peixes com os mercadores italianos, detentores do monopólio oriental (especiarias).
Esse desenvolvimento da atividade comercial propiciou o ressurgimento das finanças, com a volta da circulação monetária, do crédito, das letras de câmbio, enfim, estimulando as atividades bancárias. Nesse processo, a riqueza latifundiária (terra) perdia a supremacia e surgia um novo segmento social, os comerciantes.
Durante o século XIV (peste, fome e guerra), o comércio das feiras de Champagne passou por um período de profunda crise, em conseqüência da conjuntura criada pela Guerra dos 100 Anos (1337-1453), entre França e Inglaterra, e da difusão da peste negra.
Em função dos problemas que afetaram a região de Champagne, Flandres conseguiu um grande desenvolvimento comercial. Saindo pelo interior na rota fluvial do rio Reno, ou pelo Mediterrâneo, passando por Gibraltar e depois rumo ao Atlântico – mar do Norte – os comerciantes, principalmente os italianos, contribuíram para desenvolver os portos de toda a Europa.
Por volta do século XII, surgem as ligas, também chamadas de hansas, que se tornaram importantes coligações de cidades medievais. Reunindo uma grande diversidade de atividades e produtos, conseguiram realizar o comércio em alta escala.
As mais importantes rotas foram as inglesas, flamengas e a teutônica (Liga Hanseática).
As hansas tiveram fundamental importância na dinamização dos mercados e das cidades medievais. Sua atuação, baseada no lucro e acúmulo de capitais, denotava o pré-capitalismo que levaria à grande Revolução Comercial (séculos XV e XVI).
                                            2. O Renascimento Urbano
Na Baixa Idade Média, com o surgimento e crescimento da classe mercantil, foi sendo estabelecido gradualmente um estilo de vida urbana baseado não mais nos estamentos sociais feudais, mas sim na sociedade de classes.
Por volta do século XIV, as vilas e cidades eram compostas por uma população cada vez mais dedicada ao comércio e artesanato. Grande parte dos centros urbanos florescia a partir das antigas vilas e cidades, contudo, em regiões estratégicas (castelos, abadias, rios, estradas, etc.), a partir das rotas e feiras, multiplicando-se novos centros urbanos.
Os chamados burgos, nome dado a essas cidades medievais, resultaram do fato de muitas delas serem fortificadas (amuralhadas). As muralhas que as rodeavam tinham por objetivo maior resguardar e proteger seus habitantes, os burgueses.
Embora tivessem uma relativa liberdade de atividades mercantis e artesanais, as cidades medievais estavam localizadas em territórios feudais, portanto, viam-se sujeitas à autoridade dos nobres ou senhores feudais; os burgueses eram obrigados a respeitar as leis locais e a pesada tributação.
Com o desenvolvimento comercial e o crescimento econômico-social da burguesia, essas cidades passaram a buscar maior autonomia e independência.
Essa luta pela emancipação das cidades medievais estendeu-se do século XI ao século XIII e passou para a história com o nome de movimento comunal.
A independência dos centros urbanos, quando conquistada por caminhos pacíficos, dependia, na maioria das vezes, do pagamento de indenizações aos senhores feudais.
Em outras situações, quando os senhores feudais resistiam às mudanças, as cidades buscavam no rei, em processo de fortalecimento, o apoio político-militar (luta armada).
De qualquer maneira, as cidades que se tornavam independentes da influência senhorial buscavam legitimar suas conquistas pelas cartas de franquia, documentos pelos quais se formalizam as conquistas da burguesia, tais como:
• direito à arrecadação de tributos para a cidade;
• organização da própria milícia;
• fim dos tributos feudais;
• autonomia jurídico-administrativa.
As corporações de ofício eram associações de artesãos e mercadores, que tinham o objetivo de manter o monopólio da produção ou comercialização de determinado produto, numa região, para seus membros. Buscavam manter a uniformidade de preços e qualidade dos produtos e agrupavam todos os trabalhadores de um mesmo ramo de uma localidade.
As corporações eram formadas por mestres, oficiais ou companheiros e aprendizes. O mestre-artesão era o proprietário da oficina e dono também da matéria-prima e das ferramentas. Ele ficava com todos os produtos fabricados e, portanto, com todos os lucros da venda.
Para auxiliar o mestre, havia os oficiais, geralmente filhos ou parentes próximos que recebiam um salário pelo seu trabalho. A situação dos oficiais não era muito inferior à do mestre. Eles mesmos podiam tornar-se mestres, desde que houvesse uma expansão do mercado e que a corporação permitisse a instalação de uma nova oficina.
Os aprendizes geralmente eram parentes menores. Ficavam subordinados diretamente ao mestre, com o qual aprendiam a profissão e noções gerais de educação. A etapa da aprendizagem durava em geral sete anos, podendo variar de três a doze, após a qual o aprendiz se tornava oficial.
A ascensão dentro dessa hierarquia era muito lenta. Dependia de uma série de condições. Uma era a expansão do mercado local, que exigia mais produção e, portanto, mais oficiais, mestres e aprendizes. Além disso, a conquista do grau de mestre, com o passar dos tempos, ficou sujeita a certas condições, como pagamento de direitos, nascimento legítimo, filiação burguesa e realização de uma obra de arte dentro da especialidade, que era julgada pelo corpo de mestres já existente.
Esse modo de produção artesanal era válido somente para o mercado local. Com o desenvolvimento do comércio internacional, apareceram novas relações de trabalho. Primeiramente, os artesãos começaram a depender de um comerciante que lhes fornecia a matéria-prima e os instrumentos de trabalho e lhes pagava um salário. Esses trabalhadores podiam ser contratados por uma jornada de trabalho: eram os jornaleiros. Sua situação era muito difícil, pois ficavam sujeitos aos azares do mercado, ao desemprego, enfim, a condições de vida miseráveis. O comerciante intervinha na produção para conseguir melhores ganhos na venda do produto. Conseguia isso baixando o custo da produção (comprando matéria-prima barata e contratando mão-de-obra também barata). Esse novo personagem era o comerciante manufatureiro, que preparava o aparecimento das manufaturas da época moderna.

Resumo
Renascimento do Comércio
Principais rotas:
–Mediterrâneo;
–Champagne;
–mar do Norte;
– cidades italianas (comércio Ocidente/Oriente – especiarias)
Processo:
– nós de trânsito (cruzamento de rotas);
– feiras (temporárias);
– mercados (cidades).
Renascimento Urbano
– As cidades surgiram com o crescimento do comércio/burguesia.
– A produção urbana era controlada pela corporação (preços, quantidade e qualidade dos produtos).
– Desenvolvimento econômico levou a: produção artesanal/indústria doméstica/produção manufatureira.
– Cidades:
• comuna (pela força/luta armada);
• franca (pelo dinheiro/liberdade comprada);
• reais (apoio real).
– Carta de Franquia (liberdade das cidades).



Exercícios Resolvidos
01. Sobre o renascimento do comércio, ao longo da Baixa Idade Média (séculos XI/XII – XV), na Europa ocidental, responda às questões abaixo.
a) Quais foram as principais rotas comerciais marítimas a partir do século XI? E quem as controlava?

b) Qual era a principal diferença entre as feiras europeias na Alta e na Baixa Idade Média?

c) Onde se realizavam as feiras mais importantes?


02. Como as corporações exerciam o controle sobre produtores e consumidores?
Acerca do processo de renascimento urbano na Baixa Idade Média, responda às questões abaixo.
03. O que motivou o renascimento urbano na Baixa Idade Média?

04. Como o processo de marginalização social contribuiu para o crescimento das cidades?


05. Qual era a camada social marcante da cidade medieval?

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